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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Natal? Corta essa --'

Vejamos que, com o passar do tempo, aprendemos a guardar a pouca energia que já não nos resta.

Não digo evitar discussões, porque quem está realmente esgotado manda logo um “vai se fuder”. Eu diria: evitar o encontro, o mesmo ambiente, o mesmo ar — a mesma presença.



Talvez seja sobre idade, ou maturidade, mas cheguei à conclusão de que não irei mais viver a vida dos outros. Refiro-me a caber na realidade que o outro quer impor.


Um exemplo prático e realista da minha vida:



“Meu pai vai passar o Natal com os amigos. Ele faz aniversário dia 24. Eu não os suporto. Porém, para agradar meu pai — que não quer pagar um restaurante ou uma ceia comigo e com minha irmã, uma escolha obviamente dele, já que é mão fechada — terei que aturar insultos sobre o jeito que levo minha vida, insinuações sobre meu posicionamento político e social, meus hobbies, e ainda, por cima, suportar olhares desejosos e repugnantes de velhos ou de caras extremamente nojentos, em qualquer sentido da palavra.”

Quer outro exemplo?


“Família da mamis, na qual não se pode falar de religião, ciência, nem colocar as músicas que gosta; suportar insultos como ‘biscate’ e ainda ver a violência verbal ser diminuída sob o rótulo de ‘mero ato de carinho familiar’.”

Ou seja, nunca posso ser eu. E, quando abro a boca para me impor, sou a pior da minha família.

Não. Não acredito que o Natal se trate de família, tampouco de Cristo, mas sim de perpetuar ciclos infinitos de dor, em nome do contentamento de…

Ninguém.


Thainá Domingues Benasse




sábado, 20 de setembro de 2025

Cura?

— Não dá para curar os outros e ser curada? -- olhou-a com carinho.
— Não
— Certeza? -- as sobrancelhas juntaram em esperança.

— Sim... -- pegou em sua mão. - Veja, só conseguimos curar quando já estamos um pouco inteiros. Talvez, quando alguém tenta curar os outros sem estar, na verdade seja uma fuga da própria dor... ou desespero. Ao ver alguém com a mesma dificuldade — ou não — sente-se alívio, cumplicidade... ouso dizer, até companheirismo.


— Não gosto de generalizar. -- seus cílios grandes fecharam por alguns segundos.
— Claro que não. Só que... todos estamos doentes, todos tentando nos encontrar. Ninguém é perfeito. A questão é que não dá para fugir da própria dor. Ajudar não é sinônimo de esquecer, mas de ter empatia.
— Mas... para ter empatia, é preciso sofrer.
— Sim... -- ele suspirou, como se houvesse perdido. - E também é preciso não se perder nesse sofrimento. Talvez nunca estejamos totalmente curados, mas ainda assim podemos estender a mão. Não porque somos inteiros, mas porque sabemos o que é estar em pedaços. A diferença é não usar o outro como fuga, e sim como encontro.
THAINÁ DOMINGUÊS BENASSE



domingo, 27 de julho de 2025

Aderiva - Aderida

 



Aderiva

Aderida

Ou não.

Navegando na sua própria dor.

O ardor que as pessoas provocam em seu ser.

Tocando ainda na ferida.

Afundando nos próprios pensamentos.

Na sensibilidade do amargo

Aderiva

A busca de um conforto

E, o recebimento de um afogamento.

Aderiva...

No fundo do esquecimento de si.

Quem sabe uma luz seja encontrada, no fundo do sua alma esplendorosa. 



- Thainá Dominguês Benasse

19/06/2025 - 23:06