Hey, guys!
Como havia prometido, irei falar sobre antigamente...
E as dores de cabeça. *-*
Estão curiosos?
Então... LET’S GO!
As dores de cabeça
acompanham a humanidade há milhares de anos. Mais do que simples dores na
cabeça, a maior parte dos tipos existentes de dor nessa área do nosso corpo são
causadas por doenças químicas do próprio cérebro e não por causas mais graves,
como tumores cerebrais.
Embora haja mais de 250 tipos diferentes de dor de
cabeça, de acordo com a Classificação Internacional de Cefaleias, grande
parte dos pacientes que têm dores de cabeça ao longo de meses ou anos, sofre do
que se chama de cefaleia primária, isto é, ela própria é a doença e o sintoma.
Enxaqueca NÃO é dor de
cabeça e sim uma doença química, crônica e genética do cérebro, que pode ou não
causar dor de cabeça.
Há pacientes com enxaqueca sem dor de cabeça e outros
com crises de cefaleia ou dor de cabeça em poucos dias no ano. Entretanto, o
sofredor de enxaqueca que recorre ao médico o faz em função do padecimento
provocado por crises frequentes, intensas e incapacitantes.
Enxaqueca vem acompanhando a
humanidade em toda a sua história. Achados arqueológicos de civilizações
neolíticas, com data aproximada de 7000 anos a.C., já sugeriam a presença de
humanos com crises fortes, interpretadas à época, como a presença de maus
espíritos dentro do crânio.
O tratamento aplicado então era a abertura “in
vivo” (com a pessoa viva) de orifícios na cabeça para a “saída” dos maus
espíritos.
A técnica da trepanação da pessoa viva, por mais
estapafúrdia que pareça, ainda foi recomendada no século 17 para o tratamento
de pacientes com enxaqueca “intratável” por William Harvey em 1660.
Documentos
egípcios de 1220 a.C., baseados em escritos médicos de 1550 AC, confirmavam a
crença de que os deuses também podiam curar pacientes com crises de dor de
cabeça. Aqui o paciente era colocado sentado e um crocodilo de
argila com trigo na boca era firmemente amarrado sobre a sua cabeça através de
uma faixa de linho branca onde se escreviam os nomes de vários deuses.
Por
incrível que pareça os relatos sugeriam a melhora destes pacientes,
provavelmente devido à compressão das artérias dilatadas do couro cabeludo.
Em 400 a.C., Hipócrates descreveu a visualização de raios luminosos precedendo a dor da enxaqueca a
qual se apresentava de intensidade forte e se iniciava nas têmporas, atingindo
toda a cabeça e o pescoço.
Ele também mencionou a possibilidade desta dor ter
sido iniciada por exercícios e relações sexuais e acreditou que eram
decorrentes da ascensão de “vapores” do estômago para a cabeça, uma vez que
eram aliviadas por vômitos.
No entanto, foi Aretaeus da Capadócia no segundo
século d.C., quem fez a primeira descrição clássica de enxaqueca e a quem é
creditada a “descoberta” da enxaqueca, embora esta fosse bem conhecida no mundo
antigo.
Várias
personalidades ilustres da história sofriam de enxaqueca. Júlio César, Thomas
Jefferson, Lewis Carrol, Sigmund Freud e Napoleão entre outros, viveram as suas
vidas acompanhados de crises marcantes de dor de cabeça da doença chamada
enxaqueca.
A
avaliação histórica da evolução do tratamento da enxaqueca também é
estarrecedora. Desde a trepanação “in vivo” de seres humanos 7000 anos a.C. até
as primeiras injeções em 1883 de extrato de ergot realizadas por Eulenburg (na
Alemanha), pouco se aprendeu.
Em 1918, Stoll na Suíça isolou a substância
ergotamina do espigão do centeio e a denominou de Gynergan utilizando-a em
obstetrícia e ginecologia. Em 1925, o também suíço Rothlin foi o primeiro a
utilizar a ergotamina subcutânea para uma crise de migrânea. Em 1928 foram
divulgados os primeiros estudos científicos com bons resultados da ergotamina
tomada pela via oral por Tzanck na França e os americanos John Graham e Harold
Wolff demonstraram o efeito desta droga, promovendo a contração de vasos
sanguíneos dilatados durante a crise de enxaqueca.
Durante
os anos 40, após estudos de Graham e Wolff demonstrando a dilatação dos vasos
sanguíneos da cabeça durante a dor da enxaqueca, o departamento médico do
exército americano chegou ao absurdo de usar centrífugas gigantes onde o
paciente, durante a dor, era colocado girando de forma rápida, na tentativa de
“desviar” o sangue da cabeça para os pés e melhorar a dor.
Na
década de 60, começaram a aparecer os primeiros médicos americanos com
dedicação específica para dor de cabeça. No Rio de Janeiro, no ano de 1986,
iniciamos os trabalhos na primeira e até hoje única clínica específica para
avaliar e tratar pacientes com dor de cabeça, tornando-nos, portanto, pioneiros
nessa especialidade.
No
final da década de 80, foi desenvolvida uma droga denominada sumatriptan,
considerada a primeira droga da história específica para o tratamento de uma
crise de enxaqueca.
Ainda hoje é largamente utilizada em todo o mundo e a sua
formulação de injeção subcutânea é ainda a droga mais eficaz no tratamento das
crises de dor de cabeça causadas pela doença enxaqueca. Atualmente, a classe de
fármacos chamada de triptanos, e com substâncias mais novas, tem propiciado não
apenas a melhora dos pacientes e o seu retorno às atividades produtivas mais
rapidamente, mas principalmente nos permitiu atingir uma melhor compreensão do
que realmente ocorre no cérebro de uma pessoa com migrânea ou enxaqueca.
Hoje,
já no século 21, o avanço em relação ao diagnóstico e ao tratamento das dores
de cabeça é notório e a qualidade de vida dos pacientes certamente melhorou de
forma inquestionável. Com o futuro, a provável descoberta de novas drogas, o
advento da engenharia genética e a elucidação mais profunda do funcionamento do
cérebro humano poderão, certamente, beneficiar a todos que hoje sofrem sem
esperança.
O
diagnóstico correto das cefaleias, não
sendo possível realizá-lo de forma satisfatória em consultas de curta duração,
como, infelizmente as realizadas por muito profissionais dos odiosos convênios
e do serviço público. Algumas normas gerais sempre devem nortear o roteiro de
avaliação do paciente e a correta realização deste diagnóstico.
Além disso, é
fundamental lembrar que o diagnóstico da maior parte das cefaleias presentes na
prática clínica rotineira é essencialmente clínico e os famigerados exames de
eletro encefalograma, radiografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias
nucleares magnéticas de crânio não devem ser solicitados de forma rotineira.
Exame complementar NÃO substitui a consulta do médico!
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Fonte :
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Frase de efeito:
'' Não importa a intensidade da sua dor, faça dela sua força, assim poderá vencer! ''
- Thainá Dominguês Benasse
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