SERE(I)S HUMANOS.
…e o sopro de vida,
insuflado em tuas narinas, se fez Espírito
e a matéria
mesclou-se à natureza primordial...
Foi assim que te criei.
Mas não te provi do
que é comum às demais criaturas.
Nem asas, nem
chifres, nem garras
porque em ti confiei
depositar o talento daquilo que é inacabado…
E isso é o mais
grandioso que posso fazer: permitir que permaneças maleável.
Como o barro para
que sejas mais do que eu mesmo pude imaginar.
A força de tua
espécie virá na proporção em que percebas
que na solidão está
tua maior fragilidade.
E que reconheças no
outro uma extensão de tua própria existência.
Porque sereis
humanos, acima de tudo,
Porque foste
acolhido por braços que se fizeram humanos
pela ternura de
outros braços, em uma cadeia infinita…
E pelo tempo em que
viveres estarás na dependência dos teus semelhantes.
E por eles tua vida
terá sentido também e beberás das
experiências que não são tuas...
Pois, por seres inacabado, tua existência não
terá início, meio e fim, como nas demais criaturas.
Apenas será mais um
trecho somado a um caminho que há muito começou trilhado por pés que
te antecederam na jornada do vir a ser…
Terás, através da
palavra,
o dom de mostrar aos
outros as visões de teu próprio mundo interior.
E essa será tua
maior força e teu maior desafio.
Terás também a
capacidade de olhar para trás
e reconstruir o
sentido de tudo que foi vivenciado.
E de planejar o
porvir e até mudar de estrada, se te agrade.
E se chegares ao que
acredito que podes chegar,
Tua comunhão se
estenderá mais além de tua própria espécie…
E, se posso te dar
uma pista de teu caminho, lembra-te sempre disto:
Quanto mais viveres
fora de tuas próprias necessidades
tanto mais chegarás próximo de tua verdadeira natureza…
Roger Fabiano Pacheco
Alves
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