Desabafo de uma Flor.

 Desabafo de uma Flor.

Murmurava em meu ouvido por conta da brisa.

‘’ Mas como? Por que né? ‘’ – indagava-a relutante contra o ventinho.

‘’... Do que se trata? ‘’ – questionei dos devaneios daquela pequena.

‘’ Da vida. Olha só, está árvore aqui na frente... Nasceu para ser independente. Não irá morrer tão cedo, e inicialmente se manteve sozinha. E eu? Preciso da ajuda dos humanos para florescer, ou melhor, não murchar. ’’ – o vento estava calmo, como uma mão afável que passará pelo meu rosto, no entanto, as palavras amargas da plantinha, fez uma mistura de bem querer, com mal querer.

‘’- Infelizmente é a vida... Flor. Uns nasceram para serem grandes e outros pequenos. ‘’ – não houve cautela quando a disse isso.

‘’- É... ‘’ – confirmou-a soltando uma de suas pétalas. ‘’- Não paro de pensar. Como a vida é injusta. ‘’

‘’- Digo-te algo... Tem suas vantagens de seres assim. ’’ – debrucei-me e a encarei naquele mato seco.

‘’- Diga-me qual... Não vejo alguma. ’’ – rispidamente falou.

‘’- Você tem a vantagem de aproveitar este seu curto tempo ao máximo. Admirando as borboletas que passará perto de você, ou até então pousar em seu meio. Terá a chance de ver outras de sua crescerem e morrer junto a ti. Também, poderá ver a chuva como preciosa a todo instante, por que saberá que um dia não verá mais isso. ’’ – deita-me e coloquei minhas duas mãos atrás da cabeça. 

‘’-Olha, está arvore... Antiga e sofrida seja. Um passado que sentirá falta, e um presente não sentido. Vivendo e remoendo. Seus cascos já dizem por si só. As memorias deixadas em si. E a luta que teve para chegar aqui. ‘’

A afiada flor não tinha resposta. Apenas abraçou arranjada cálida, e agradeceu por mais um dia de vida, e não de sua morte.

 - Thainá Dominguês Benasse