Em
meio à multidão de pessoas desnorteadas que sempre estavam à procura de alguém,
estava você ali.
Eu não o vi. Estava distraída com meu próprio pensar.
Como uma sacudida
para realidade, minha amiga me chamou.
- Ruby, a minha esquerda! – sussurrou
com todo cuidado.
- Aonde? O quê? – revidei o sussurro e
fiquei virando minha cabeça para um lado para o outro.
- Ali. De vermelho! – disse ela bem perto
de mim, pousando o olhar para onde ele estava.
Foi
quando minha respiração cessou, e meu olhar penetrou naquela ilusão que não
via há anos.
Minhas pernas tiveram vida, e o choque tomou conta de todo meu
corpo.
- Lucy, me tire daqui! – disse soltando
palavras longas separadas por arfadas. Eu tremia, eu não conseguia respirar. Achei que iria
desmaiar ali, que o preto da imensidão iria tomar conta das minhas vistas.
Só
que diminuiu minha crise de falta de ar, e desceu algo quente e salgado em meu
rosto frio.Me agarrei a pequena Lucy.
- Lucy! Lucy... Dói. Ele... Nem sequer olhou. – bradei,
e o som da banda abafava minha angustia.
– Eu amo tanto. Só que está no passado para ele. Por que está no
presente para mim? Esse sentimento. –
chorei, enquanto meu peito doía.
Os minutos se passaram, e eu desencostei delicadamente do conforto da minha pequena Lucy, e disse. - Eu sou uma idiota, não?
- Ruby! Você não é! Sei como é isso. Mas não se martirize. Seu
sentimento é só seu. Ninguém neste mundo pode culpa-la disso. E pare de chorar!
E outra, ele não te viu, eu estava te tampando. – disse
ela, passando a mão para tirar os resíduos do desconsolo do meu rosto.
- Ele me viu. Este vestido eu repito todo ano neste ocasião, tá ligada? –eu
ri da minha própria amargura. –
Enfim, vou
parar de agir como uma criança...
Não sei por que me faltou tanto ar. Tenho que
me controlar. – finalizei.
Andei
ao redor, bebi uma latinha de cerveja, que não sou acostumada, para espantar meu
azedume.
E
sempre, pela redondeza a procura do vermelho vinho, que me fez trazer tantas lembranças,
não só em várias ocasiões, mas naquele mesmo lugar.
O
moletom vermelho.
- Thainá Dominguês Benasse
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