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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Pisoteando de Botas


PISOTEANDO DE BOTAS

‘’ Não, não era para ser. ’’ – se indagava ao ver a casa toda bagunçada, e junto delas centenas de insetos repugnantes.

- Eu não acredito que você faz questão de ser comido antes pelos insetos. – bradou com aquele homem deitado ao chão, e com um monte de garrafas vazias ao seu redor.

- V-vo-cê acredita que ontem... – repensou o que ia falar. – Não, assim, posso dizer que bebi, mas eu estou são.

- Certo... Certo. – sua paciência estava se esgotando, coloco seus dois dedos em suas têmporas, e começou a falar baixinho, pois como era apartamento todos poderiam ouvir seus gritos e o quão queria mata-lo. – Deixa eu te contar uma coisa... Você, filho, não mora sozinho. – aos poucos sua voz iria se alterando. – Quantas vezes eu te falei para parar de ser mimado, e cuidar do apartamento que dividimos? – ao caminhar mais para frente, suas botas enroscaram nas sacolas incontáveis no chão.

‘’ Como eu vim parar nesse apartamento?’’ – ao se questionar sobre, começou a divagar injuriada por tudo que passou. As consequências de seus atos inocentes, a fez estagnar naquele muquifo. Era necessário dizer, deveria dizer. Concentrou-se novamente naquele esfarrapado.

- Você é um inseto, então viva como um.  – sem remorso, ficou o pisando com sua bota de couro, da qual, sempre a dava forças para enfrentar as circunstancias da vida; Avisará que a paciência dela é curta, não igual suas ações.

A história de sua vida sempre foi tomada pela fúria, tratada como algo que precisava cutucar,pular, ignorar, cansou de ser boazinha, se a vida a pisou, ela pisará em dobro. Suas botas equivalem sua trajetória. Sua mãe as lhe deu com mesmo intuído.

‘’- Enfrente a vida, minha querida filha, não tenha medo de lutar pelo que você tem de direito, essas botas que muitas vezes caminhou sobre o martírio, agora devem caminhar com você para fazer valer a pena tudo que passei por você; Saiba aproveitar o doce, mesmo vivenciando o amargo. ’’


Assim sendo, PISOU, PISA, PISARÁ no que precisar.

*

- PARA SUA LOUCA! – gritava o homem bebum.  

Em um movimento rápido, depois de o deixar vermelho, marcado pelas botas, ela agachou, e ficou no mesmo nível dele, baixo, o fixando nos olhos, abriu a boca para sugerir algo, todavia, fechou os olhos, levantou, pegou as coisas daquele salafrário e jogou para fora.


- SAIA! AGORA! – bateu suas botas no chão. – Eu sou autoridade. Eu achei o maldito apartamento, e você se apossou e não ajuda em nada. Agora, SAIA! 

Como cachorro sem dono, saiu com o rabinho entre as pernas, a procura de algum alojamento que o aceite. Fechou as portas, começou a limpar o seu canto.

- É... A vida é assim, se não pisarmos, seremos pisados. – finalizou sua querida reflexão, em meio ao chão desgostoso.

Artistas :



Thainá Dominguês Benasse




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