Páginas (:

sábado, 20 de setembro de 2025

Cura?

— Não dá para curar os outros e ser curada? -- olhou-a com carinho.
— Não
— Certeza? -- as sobrancelhas juntaram em esperança.

— Sim... -- pegou em sua mão. - Veja, só conseguimos curar quando já estamos um pouco inteiros. Talvez, quando alguém tenta curar os outros sem estar, na verdade seja uma fuga da própria dor... ou desespero. Ao ver alguém com a mesma dificuldade — ou não — sente-se alívio, cumplicidade... ouso dizer, até companheirismo.


— Não gosto de generalizar. -- seus cílios grandes fecharam por alguns segundos.
— Claro que não. Só que... todos estamos doentes, todos tentando nos encontrar. Ninguém é perfeito. A questão é que não dá para fugir da própria dor. Ajudar não é sinônimo de esquecer, mas de ter empatia.
— Mas... para ter empatia, é preciso sofrer.
— Sim... -- ele suspirou, como se houvesse perdido. - E também é preciso não se perder nesse sofrimento. Talvez nunca estejamos totalmente curados, mas ainda assim podemos estender a mão. Não porque somos inteiros, mas porque sabemos o que é estar em pedaços. A diferença é não usar o outro como fuga, e sim como encontro.
THAINÁ DOMINGUÊS BENASSE



4 comentários: