Ranúnculos Laranjas

Ele estava sozinho com sua máquina de escrever antiga... Refletindo sobre a próxima vez que se apaixonará. E por quem... Tudo um TALVEZ.

 A janela entreaberta, entrando um tanto da luz da tarde. Sua barba mal feita, e seus olhos cerrados e cansados de serem tanto forçados por falta de inspiração.

Lembrou-se dela. Seu perfume cítrico, seus lábios medianos em forma de coração, seu queixo fino, sua voz alternando dependendo do seu humor, doce, amarga, indecisa. 

Seu jeito tímido, mas sentido em presença.

‘’Como posso esquecê-la?’’ – pensou.

‘’ Aquela flor... Ranúnculos. ’’ – disse em voz alta, gostou tanto nomeá-la desta maneira que repetiu para si próprio novamente. – ‘’ Ranúnculos Laranjas. ‘’

‘’ Laranja por ter amarelo e vermelho... Separadamente, a flor de Ranúnculo amarela, tem significado de atração, e a vermelha de amor tímido. Obtendo os dois em si.

Passando despercebido dos outros. Toque de ingenuidade e de confiança. Como a esquecê-la?’’ – digitava impaciente. Parou, bebeu uma dose do seu Uísque de reserva, e continuo.

‘’Sabia-se que aquele amor era impossível domar. Por mim, tentaria meu possível, como escritor deixaria a imaginar, e desvelaria o meu alcançável. Meus esforços não eram o bastante. Ela não precisava ser domada, ela precisava ser acompanhada. ‘’ – neste trecho, pegou seu isqueiro, porém hesitou em acender o cigarro, e prosseguiu abalado.

‘’Como todos os seres vivos, ela voou. Suas pétalas se abriram para outro que conseguiu conquistar seu pólen restrito. E fez outras flores como ela. Tão linda. Tão ingrata por não se dar conta o quão amava suas cores. ‘’ – finalizou ele, desatento com a lágrima que percorreu seu rosto exausto. Ousada seja.

E para dar um basta nas memórias, não esperou mais. Foi naquela pequena janela, olhou o movimento da vida, acendeu e deu um grande trago. Sua fumaça vagou para fora do vidro, e viu-a indo embora.

>> 2 Versão- DELA. <<

- Thainá Dominguês Benasse