⚠️ ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS ⚠️
(Sinopse ao final do post)
Esse anime é simplesmente fantástico, e só quem tem a delicadeza e paciência para mergulhar em cada episódio consegue absorver a profundidade que ele oferece.
Pode parecer confuso — e tudo bem.
É justamente a paciência para seguir até o fim que revela não só a genialidade da obra, mas também a sensibilidade de quem a compreende.
Não estou me gabando, mas… apreciar uma obra não é consumir rápido.
É degustar, refletir, absorver.
Isso, sim, é o que permite “sugar” ou filtrar o que é relevante para você.
É uma arte que nasce da fusão entre outras artes.
🌀 Vamos à resenha...
Muita coisa me tocou profundamente enquanto assistia. E aqui compartilho as reflexões que vieram.
1. Personagens reais – mais reais do que parecem
Os personagens são incrivelmente humanos.
A protagonista me impactou de forma única.
Ela é uma "cópia" criada à imagem de outra mulher — fruto do arrependimento de um homem que perdeu a esposa e tentou recriá-la.
Mas ao perceber que foi feita para agradar, ela tentou ser a cópia perfeita.
Tinha gostos parecidos. Mas, em essência, não era a mesma.
E então começou sua busca por si mesma, para existir por conta própria — e não apenas como reflexo do desejo de alguém.
Será que ela deveria ser grata a ele?
Talvez.
Mas ser grata não é viver por alguém.
É reconhecer, se igualar.
E retribuir — se e quando houver algo verdadeiro dentro de si para oferecer.
Só podemos entregar o que já temos.
Se ela estivesse vazia, sem identidade, como poderia dar algo real?
Isso reforça a ideia de que o amor-próprio vem antes do amor pelo outro.
2. E o mais importante, O RECONHECIMENTO ATRAVÉS DA AMIZADE...
Quando não temos força para enfrentar nos mesmos, precisamos sempre de um empurram, e segundo minha visão espiritual, nós servimos de ponto para outros, e outros servem para nós.
Então, somos uma centelha, unidos para própria evolução e reconhecimento de si mesmos.
3. A mente como prisão — e como espelho
O universo criado a partir do arrependimento dele simula algo maior: a mente humana.
Nós damos vida a cenários, traumas, pessoas...
E a mente, embora brilhante, também é uma prisão emocional.
Criamos vinganças, mágoas, distorções...
Tudo para proteger nosso ego — ou evitar a dor.
Todos que conseguiam ver a Kowloon Genérica tinham algo não resolvido dentro de si.
Essa é a metáfora: vivemos na mente, com medo da realidade.
- Por que tememos o agora?
- Por que preferimos zonas de conforto criadas na mente?
- Por que fugimos do que é real?
- Porque tentamos ser quem nós somos, para se adequar ou tentar fugir ou fingir do que realmente importa? Se reinventar seria para qual motivo? É bom em certo limite, mas se questionar disso é mais importante...
Talvez o caminho seja perceber nossa existência além da mente.
Somos o que sentimos?
Somos nossos pensamentos?
Ou será que a mente, por medo, nos empurra para o futuro — ou nos prende no passado?
E com isso, esquecemos o mais importante:
o agora.
4. Estética e nostalgia – o design como linguagem
Alguns criticaram por parecer algo das décadas de 70/80.
Eu? Fiquei fascinada!
Cada gesto, expressão, roupa, comida, cenário — tudo é construído com um toque quente e nostálgico.
Essa estética não é por acaso.
A nostalgia é um dos grandes temas do anime.
- A personagem “original” queria viver para sempre naquele verão — onde tudo era confortável.
E quem nunca quis congelar o tempo onde as dores ainda não existiam? Ou, permanecer naquela dor, SEGUNDA A MENTE, era mais confortável?
5. O final e os (auto)enganos
A grande virada: a “cópia” nunca foi apenas uma cópia.
O homem nunca conseguiu recriar a original por completo, porque ele não a conhecia de verdade.
Ele copiou o que achava que sabia — lugares, pessoas, gostos — mas, com o tempo, a nova mulher começou a mudar.
Porque ninguém é estático.
E ninguém revela tudo de si.
Temos máscaras para o mundo, para os outros, e para nós mesmos.
Isso nos leva a refletir sobre a personagem original:
Ela iria se casar com o homem. Mas mesmo assim… se foi.
- Será que ela tinha esperança de ser salva por esse relacionamento?
- Será que aceitou o noivado por desespero?
O medo a fez desistir?
Será que sua mente a convenceu de que acabar com o sofrimento era mais fácil do que encará-lo?
6. O despertar da consciência – e a coragem de existir
A "cópia", mesmo sabendo que poderia desaparecer ao sair da Kowloon Genérica, decide sair.
Porque, finalmente, é uma escolha dela.
E ela revive.
Vi muitos comentários dizendo “que viagem”, mas para mim, fez todo o sentido.
As outras criações do homem não tinham consciência.
Ela só ganha consciência quando confronta a existência da outra versão de si mesma.
- Será que só nos conhecemos quando encaramos as partes de nós que tentamos esconder?
- Ou quando aceitamos todas as nossas versões?
- Ou quando escolhemos existir… do nosso jeito?
O doido é que quando eles encontravam-se, suas versões no Kowloon, a outra versão antiga desaparecia, ou seja, ao encontrar você, sua identidade, única, vivemos para sempre.
✨ Filosofia para vocês!
Esse anime não é sobre romance.
É sobre consciência, identidade, reflexão.
Se você for assistir, não vá esperando um simples shoujo.
Essa obra foi reduzida a um rótulo que não a representa.
É uma lição profunda sobre o eu, a memória, o medo, o amor e o renascimento.
BOM, espero que tenham gostado!!!
Da sua querida, e escritora
THAINÁ DOMINGUÊS BENASSE =D
-------------------------------------------------------------------
SINOPSE:
Kowloon Generic Romance se passa na futurística e nostálgica Cidade Murada de Kowloon, onde a corretora Reiko Kujirai começa a descobrir segredos sobre seu passado ao se deparar com uma foto em que aparece no lugar da ex-noiva de seu colega Hajime Kudou — alguém de quem ela não se lembra. À medida que a investigação de Reiko revela mistérios sobre memória e identidade, romance, mistério e tecnologia se entrelaçam, levando-os a questionar o que é real e o que é apenas uma criação do passado.
Amei a resenha, agora quero assistir!!!!
ResponderExcluir