‘’Idealizei. ’’ – quase soletrou as
palavras em meio a fumaça dos carros passando na rua... Estavam sentados no
ponto de ônibus.
‘’Oi?’’ – disse o homem, por volta dos 25
anos de idade, que estava com um fone pendurado em seu ouvido. ‘’ Idealizou?’’ – indagou encarando-a.
Percebeu os olhos dela, acinzentados da vida urbana, com seu terno padronizado...
Etiquetada.
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‘’ Uhum... Um mundo onde poderíamos expressar
tudo que quisermos sem alguém julgar ser certo ou errado. Queria uma vez não me martirizar, mas nem Jesus agradou à todos.’’ – balançou seus
pés, observando-os em ziguezague, como se quisesse correr de tudo.
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-Sei. – guardou os fones de ouvidos, e a
encarou. – Legal. Você se virar para mim
e comentar isso. Você já faz a diferença de muitos que vivem a seguir
uma rotina e não sabem o motivo dela. E julgarem o que não sabem. Entre o certo e o errado, sempre vai ter alguém que o
falou, e não A Verdade. Pois é! Uma coisa é fato, meu
viver é em Deus. – ela continuou olhando para baixo.
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- O meu também. Só que muitos esquecem que
pecaram, e falam dos feitos de outros. Eu estou sendo paciente demais...-- deu um minuto de silêncio ensurdecedor. -Uma
montanha agora cairia bem. – deu um sorriso pequeno.
- De fato. – sorriu junto a ela. – Seria bom
uma cachoeira também, e é claro, um vinho por que ninguém é de ferro.
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- É... Ninguém é perfeito. – finalmente o
olhou.
- Não... Se fosse não estaríamos conversando,
e este terninho... – tocou o terno dela. – Não existiria para identificar uma
rotina, pois já não teria cores no mundo e nem voz.
- E nem nada. – sorriu por fim.
‘’Reconforto de um estranho. Uma conversa
sobre um mundo possível. Energias assim que me faz querer lutar.’’—divagaram ambos.
- Thainá Dominguês
Benasse
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