O jardim estava cheio de túlipas avermelhadas, passou-se o tempo mendigando espaço... Ela não cansava de observar as gotas de orvalho daquele entardecer.
Encontrava-se em um misto de tristeza e negligência.
Quem diria que uma sombra se desvencilhava sobre seu ombro. Tocou-a com o olhar carinhoso.
- Aconteceu algo? -- era suave sua voz.
- Não. -- respondeu rispidamente.
- Compreendo. A senhorita... -- parou por um instante, tocando-lhe uma mecha de seus cabelos dourados. - deve estar com medo da vida.
- Medo? -- arfou. - Se você acha que sabe de tudo, está enganado. -- ela o encarou, e tirou sua mão brutamente. - Não finja aprezo, quando realmente o que sente por mim é curiosidade. -- revirou os olhos ajeitando seu longo vestido rechonchudo.
- Bonequinha... Uma relação nasce da curiosidade.
- Todavia, é nela que pecamos. Mesmo que você diga neste momento que temos que arriscar para amar, eu te digo, que precisamos raciocinar também. -- seus olhos eram pedras cinzas estagnadas nos azuis dele.
- Congelei, meu doce. -- sussurou com ironia. Com um gesto galateador, e um sorriso irritante nos lábios, ele tirou seu chapéu. - Mas, como podemos ter certeza de nossas convicções sem ao menos experimenta-las nas ações?
Sem palavras, sem gestos. Não era mais seus olhos que eram duros, e sim, seu corpo inteiro.
Aquelas palavras a marcaram.
'' Do velho ao novo, a teoria não se vem do observar apenas, vem do fazer... OPS, sentir. ''
- Thainá Dominguês Benasse.
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