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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Pureza


‘’Mãos amarelas essa minhas... Escrevendo nesse papel amarrotado... ‘’– apalpou seu estomago.  ‘’ Estou enojado... Estou tão nauseado que tento escrever cada palavra com mais afinco. As verdades que ninguém quer ouvir, as certezas que ninguém quer saber; Tento equilibrar minhas entonações, mas elas calhem em me trair. ’’
De novo, pegou-se no papel.
‘’ Não seja grosso. Seja suave e sucinto. ’’ – repetiu a si, e se deu um tapinha na cara.
- Era uma vila onde uma família se sentia feliz na ignorância, quando um deles percebeu que os pais não eram mais os mesmos, quer dizer, nunca foram, deu-se conta muito tarde;
Desculpou-se com o escritor, e continuou.
- Não, quem era o ignorante ali, era o pequeno, por não saber que nunca houve uma família completa, era apenas sua visão sobre as coisas. Demorou-se a perceber.

‘’A goteira!’’—pegou um balde correndo, e colocou embaixo daquele buraco irritante no telhado. Era como se fosse sua consciência alertando a tomar cuidado.
- Medialmente estagnado, aquela criança não se encontrava esperança; era uma tarde de domingo , quando pegou seus cadernos, sua mochila, suas roupas, e um ferramenta da terra... Do sertão, do campo. E foi-se entre a trilha feita por sua mão, entre o trigo preguiçoso e bege.
‘’Família.’’ – enfim terminou sua obra objetiva.
- Idiota... – uma garota apareceu por trás abraçando-o. – Você sabe que a família sempre foi uma instituição, não? Formou-se para manter a linhagem por puro egoísmo do pós-morte... – falou com afinco. – Hoje em dia, a geração tomou partido do valor de cada coisa, e o sangue, aquele ditado... – murmurou. – Ah...  O sangue é mais espesso. É uma coisa mais tradicional.
- Gracinha. – apertou sua bochecha.
- Não se importe meu bem, o sangue pode ate ser mais espesso que água, mais a água é pura.
- Pureza. – repetiu.

- Thainá Dominguês Benasse

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