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sábado, 12 de julho de 2025

Resenha do Anime - Kowloon Generic Romance

⚠️ ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS ⚠️

(Sinopse ao final do post)

Esse anime é simplesmente fantástico, e só quem tem a delicadeza e paciência para mergulhar em cada episódio consegue absorver a profundidade que ele oferece.

Pode parecer confuso — e tudo bem.
É justamente a paciência para seguir até o fim que revela não só a genialidade da obra, mas também a sensibilidade de quem a compreende.

Não estou me gabando, mas… apreciar uma obra não é consumir rápido.
É degustar, refletir, absorver.

Isso, sim, é o que permite “sugar” ou filtrar o que é relevante para você.
É uma arte que nasce da fusão entre outras artes.


🌀 Vamos à resenha...

Muita coisa me tocou profundamente enquanto assistia. E aqui compartilho as reflexões que vieram.


1. Personagens reais – mais reais do que parecem


Os personagens são incrivelmente humanos.
A protagonista me impactou de forma única.

Ela é uma "cópia" criada à imagem de outra mulher — fruto do arrependimento de um homem que perdeu a esposa e tentou recriá-la.
Mas ao perceber que foi feita para agradar, ela tentou ser a cópia perfeita.

Tinha gostos parecidos. Mas, em essência, não era a mesma.
E então começou sua busca por si mesma, para existir por conta própria — e não apenas como reflexo do desejo de alguém.


Será que ela deveria ser grata a ele?

Talvez.
Mas ser grata não é viver por alguém.
É reconhecer, se igualar.
E retribuir — se e quando houver algo verdadeiro dentro de si para oferecer.

Só podemos entregar o que já temos.
Se ela estivesse vazia, sem identidade, como poderia dar algo real?



Isso reforça a ideia de que o amor-próprio vem antes do amor pelo outro.

2. E o mais importante, O RECONHECIMENTO ATRAVÉS DA AMIZADE...

Quando não temos força para enfrentar nos mesmos, precisamos sempre de um empurram, e segundo minha visão espiritual, nós servimos de ponto para outros, e outros servem para nós.

Então, somos uma centelha, unidos para própria evolução e reconhecimento de si mesmos.



Quando alguém crer que podemos, nós sentimos que podemos o possível, conseguiremos realizar o todo!
E ressalto, as duas aqui, as duas que encontraram elas, e deixaram o passado onde ele deveria ficar.
Querendo ou não, damos coragem para as pessoas... Inconsciente até.



3. A mente como prisão — e como espelho



O universo criado a partir do arrependimento dele simula algo maior: a mente humana.

Nós damos vida a cenários, traumas, pessoas...
E a mente, embora brilhante, também é uma prisão emocional.

Criamos vinganças, mágoas, distorções...
Tudo para proteger nosso ego — ou evitar a dor.



Todos que conseguiam ver a Kowloon Genérica tinham algo não resolvido dentro de si.
Essa é a metáfora: vivemos na mente, com medo da realidade.

  • Por que tememos o agora?
  • Por que preferimos zonas de conforto criadas na mente?
  • Por que fugimos do que é real? 

  •  Porque tentamos ser quem nós somos, para se adequar ou tentar fugir ou fingir do que realmente importa? Se reinventar seria para qual motivo? É bom em certo limite, mas se questionar disso é mais importante... 

 



 

Talvez o caminho seja perceber nossa existência além da mente.

Somos o que sentimos?
Somos nossos pensamentos?
Ou será que a mente, por medo, nos empurra para o futuro — ou nos prende no passado?



E com isso, esquecemos o mais importante:
o agora.


4. Estética e nostalgia – o design como linguagem


O design é simplesmente fenomenal, E AS CORES TAMBÉM(MELANCOLIA!!!)

Alguns criticaram por parecer algo das décadas de 70/80.
Eu? Fiquei fascinada!

Cada gesto, expressão, roupa, comida, cenário — tudo é construído com um toque quente e nostálgico.



Essa estética não é por acaso.
A nostalgia é um dos grandes temas do anime.

  • A personagem “original” queria viver para sempre naquele verão — onde tudo era confortável.

E quem nunca quis congelar o tempo onde as dores ainda não existiam? Ou, permanecer naquela dor, SEGUNDA A MENTE, era mais confortável? 


5. O final e os (auto)enganos


A grande virada: a “cópia” nunca foi apenas uma cópia.

O homem nunca conseguiu recriar a original por completo, porque ele não a conhecia de verdade.

Ele copiou o que achava que sabia — lugares, pessoas, gostos — mas, com o tempo, a nova mulher começou a mudar.
Porque ninguém é estático.
E ninguém revela tudo de si.




Temos máscaras para o mundo, para os outros, e para nós mesmos.

Isso nos leva a refletir sobre a personagem original:
Ela iria se casar com o homem. Mas mesmo assim… se foi.

  • Será que ela tinha esperança de ser salva por esse relacionamento?
  • Será que aceitou o noivado por desespero?


 

O medo a fez desistir?
Será que sua mente a convenceu de que acabar com o sofrimento era mais fácil do que encará-lo?


6. O despertar da consciência – e a coragem de existir



A "cópia", mesmo sabendo que poderia desaparecer ao sair da Kowloon Genérica, decide sair.

Porque, finalmente, é uma escolha dela.

E ela revive.

Vi muitos comentários dizendo “que viagem”, mas para mim, fez todo o sentido.

As outras criações do homem não tinham consciência.
Ela só ganha consciência quando confronta a existência da outra versão de si mesma.

  • Será que só nos conhecemos quando encaramos as partes de nós que tentamos esconder?
  • Ou quando aceitamos todas as nossas versões?
  • Ou quando escolhemos existir… do nosso jeito?



O doido é que quando eles encontravam-se, suas versões no Kowloon, a outra versão antiga desaparecia, ou seja, ao encontrar você, sua identidade, única, vivemos para sempre.

 

 

 


✨ Filosofia para vocês!



Esse anime não é sobre romance.
É sobre consciência, identidade, reflexão.

Se você for assistir, não vá esperando um simples shoujo.
Essa obra foi reduzida a um rótulo que não a representa.

É uma lição profunda sobre o eu, a memória, o medo, o amor e o renascimento.


BOM, espero que tenham gostado!!! 

Da sua querida, e escritora

THAINÁ DOMINGUÊS BENASSE =D

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SINOPSE:



Kowloon Generic Romance se passa na futurística e nostálgica Cidade Murada de Kowloon, onde a corretora Reiko Kujirai começa a descobrir segredos sobre seu passado ao se deparar com uma foto em que aparece no lugar da ex-noiva de seu colega Hajime Kudou — alguém de quem ela não se lembra. À medida que a investigação de Reiko revela mistérios sobre memória e identidade, romance, mistério e tecnologia se entrelaçam, levando-os a questionar o que é real e o que é apenas uma criação do passado.


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