O vazio apoderou-se do seu coração, e o frio tomou conta do seu
pensamento.
O eco do soturno escoou em seus pequenos ouvidos...
‘’Cante a triste canção do seu compadecer, e a melodia irônica do
aspirar. Deixa-me entrar. ’’
Corroí-a o incerto. O certeiro, ela dispensa.
‘’ Deixe-me... Refugiar em seu corpo fraco. ‘’ – soou o choroso.
Não há o que se fazer... Senhorita Sara, estava com sua mente
nublada.
‘’ Entre, amargura. Deixe-me sentir seu gosto. Estou... Me
sentido débil. Frio. Solitária. ’’
Impregnou nela.
- Senhorita Sara...
Senhorita! – disse o mordomo impaciente ao vê-la divagar na janela gotejada.
- Olá, Senhor John. – respondeu-a ainda encarando a janela.
- A senhorita já está pronta para ir à escola de musica? --
disse o John impaciente.
- Não quero... – segurou as luvas fortemente, na mesma posição
que estava, a encarar as gotinhas apostando corrida no vidro.
- Senhorit—
- Deixe-a. – a similar voz toou em um sibilar de atração. Fez a
virar e encarar o doce e amargo, presente e passado, e nunca um breve futuro...
Amor.
- Sebastião... – murmurou-a.
- Filho... Perdão, Senhor Sebastião. – disse o mordomo John
atordoado.
- Para, pai. Estávamos a sós. – disse o jovem rispidamente.
- Por favor, poderiam ir embora. – virou-se novamente, só que
desta vez só olhou para o Senhor John.
- Avisem a Senhora Ives que estou
indisposta. Dispensados. – e retornou a hipnose.
- Pai... Pode ir. – sussurrou.
- Filho , acho que n- disse o velho angustiado.
- Eu sei que ela está de mau humor, deixe-me a sós com nossa
Senhorita.—logo após de dizer isso, uma porta atrás do jovem galanteador , foi
fechada.
- Ainda aqui? Não pedirei novamente que saia, vai ter que
encarar os fatos que fingi não ver.
– disse ela, sem nenhum movimento. Apenas
sua respiração segurada.
- Irei? Quais são esses fatos?
- Se for bancar o inocente saia do meu quarto.
- O que foi? O que você quer? O que quer de mim?
- Não está ouvindo? – bradou ela, assustada consigo mesma pela sua
exaltação. E com isso, uma nova surpresa. – Você sabe... Meu
aniversário é no próximo ano... Irei embora para longe. E não o verei mais! –
jogou a raiva toda sobre ele.
- E? – disse ele dando de ombros.
- E? Sai! Por que ainda me importo em falar com você? Sai! –
gritava a freneticamente. – SAIA! – chorava histericamente. A época de 1880
não era fácil principalmente, se uma senhorita gritasse. – Pare! Isso dói, pare!
- Nem estou a tocando. E pare de fazer alarde.
- Sabe Sebastião... Não irei recorrer minhas lamentações a você.
Você não irá ser meu porto seguro mais. O passado que vivi é inesquecível aos
meus olhos, os seus estão arranhados pelo amor que criou por si próprio. Não
sou você, não quero ser você. Obrigada pelos anos, grata pela cautela. Mas, chega.
Despeço-me. Hoje, agora. Nunca... nunca senti tão temerosa como agora.
Todavia, não quero ficar no voltar... Vou seguir, sem você.
Momentos de silencio pairaram... E com um movimento Senhorita
Sara saiu sem interrupção do mesmo. Ele sentiu claro que sentiu. Quiçá, não
como ela.
Ele era bonito, inteligente, classe baixa infelizmente, por isso
tanta causaria mediante aquela casa, mediante aquela mãe.
Ele não sabia o que sentia. Amava uma camponesa que parecia um
beija-flor, livre e simples.
Sara, era feroz, como uma tigresa. Incapaz de demonstrar
fraqueza. Ele estava a mercê do não saber.
A sua senhorita com que conviveu o deixou, com lamúrias do
antigo...
‘’ O amor não existe se não for compartilhado por dois. Dor,
magoa de quem sente, e ressentimento de quem não sabe. ‘’
- Thainá Domingues Benasse
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